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Filmes

  • DR. MESMER – O FEITICEIRO (MESMER) Canadá / Inglaterra / Alemanha, 1994. Direção de Roger Spottiswoode. Com Alan Rickman, Amanda Ooms, Peter Dvorsky, Anna Thalbach. Overseas Filmgroup, colorido, 1h50, Paris Video Filmes. Filme histórico baseado na vida do médico alemão Dr. Franz Anton Mesmer (1734-1815), criador do mesmerismo, doutrina que, dentre outros postulados, defende a existência de um fluido universal, magnético, fundamental para a manutenção ou restabelecimento da saúde humana. O roteiro mostra, com detalhes, a célebre cura, realizada por Mesmer, (Alan Rickman, Duro de Matar, Rasputin), da jovem pianista Maria Theresa Paradies (Amanda Ooms), da alta sociedade austríaca, portadora de cegueira histérica desde os 3 anos (caso registrado na literatura), concentrando o enredo no romance entre ambos. São também abordadas, com detalhes, suas inovadoras técnicas de tratamento e as perseguições sofridas por ele em face de sua conduta profissional revolucionária – médico milagroso? Charlatão? Feiticeiro? -, ao longo de tumultuada existência, caracterizada por várias mudanças de domicílio: Viena... Paris... Versailes... e cidades da Suíça e Alemanha, provocadas pelas perseguições. Magnetismo Curador O magnetismo animal já era conhecido antes de Mesmer, mas foi ele o grande divulgador dos fenômenos magnéticos, embora usando métodos considerados bizarros e charlatanescos. Praticava curas com as mãos, acreditando ser ele próprio dotado de poderes magnéticos curativos. A sua obra Mémoires sur la découverte du magnetisme animal foi editada em 1779. Também foi o primeiro a revelar ao mundo científico a influência dos processos puramente psicológicos (sugestão mental) sobre os sintomas de uma enfermidade. Mas, só em 1841, o médico inglês Braid lançou os fundamentos do hipnotismo moderno, derivado diretamente do mesmerismo. Com o passar do tempo, o hipnotismo foi prestigiado pela ciência oficial, porém, o mesmo não ocorreu, até hoje, com o magnetismo curador (humano e/ou espiritual), há mais de um século aplicado nas instituições espíritas, através de passes à luz da oração, permitindo a transfusão de energias espirituais aos enfermos. Contudo, permaneçamos convictos com Emmanuel, que, ao prefaciar a obra Nos Domínios da Mediunidade (André Luiz, F.C. Xavier, FEB), assim afirmou: “Semelhantes verdades não permanecerão semi-ocultas em nossos santuários de fé. Irradiar-se-ão dos templos da Ciência como equações matemáticas.” (Livros consultados: Psiquiatria Clínica Moderna, Noyes y Kolbi, La Prensa Médica Mexicana; Magnetismo Espiritual, Michaelus (Dr. Miguel Timponi), FEB; Fronteiras do Desconhecido, Ed. Seleções Reader´s Digest.) Mensagens de Mesmer (Espírito) A Revista Espírita, editada por Allan Kardec, em suas edições de jan. e out./1864 e maio/1865 publicam quatro instrutivas mensagens mediúnicas assinadas por Mesmer, abordando os temas: Médiuns Curadores, Fenômenos Espíritas, Imigração dos Espíritos Superiores para a Terra e Criações Fluídicas. Dentre os seus conceitos sobre mediunidade de cura, destacamos o seguinte tópico: “A vontade desenvolve o fluido seja animal, seja espiritual, porque, o sabeis todos agora, há vários gêneros de magnetismo, entre os quais estão o magnetismo animal e o magnetismo espiritual que pode, segundo a ocorrência, pedir apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.” (Revista Espírita, jan./1864, p. 7, IDE.) Hércio M C Arantes
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DR. MESMER – O FEITICEIRO

  • TEMPO DE MELODIA (MELODY TIME) EUA. Supervisão de Produção de Bem Sharpsteen. RKO Radio Pictures, 1h15, colorido, livre, Walt Disney Home Vídeo, 1999. Com personagens marcantes e belas músicas, Tempo de Melodia, restaurado digitalmente, é uma coletânea de sete estórias atraentes que honram as tradições dos Clássicos Walt Disney. Dentre elas, pelo seu conteúdo espiritualista, destacaremos a linda estória JOHNNY SEMENTE DE MAÇÃ. Numa fazenda norte-americana, próxima de Pittsburgh, no início do século 19, vivia John Chapman, que se tornou um famoso pioneiro da conquista do Oeste. Seus feitos deram origem à lenda e, hoje, esse homem memorável é conhecido apenas como “Johnny Semente de Maçã”. Johnny era um moço alegre e muito trabalhador, que ao cuidar das macieiras cantava: “Eu quero agradecer as bênçãos do Senhor O Sol que brilha de manhã A chuva que molha a maçã Eu quero agradecer... Eu devo ao Senhor por tudo o que se vê Eu sei que com o seu amor o mundo é tão encantador (...) Só quero agradecer!...” Certo dia, ao presenciar a passagem de várias carroças, em direção ao Oeste, ele ouviu o canto dos pioneiros que conclamava a todos para segui-los. Mas, sendo franzino, logo procurou esquecer aquela sugestão, sentindo-se frágil e sem outras motivações para tal projeto. Porém, nesse momento, surpreendentemente, apareceu-lhe seu Anjo da Guarda que o incentivou ao empreendimento, considerando-o portador dos seguintes requisitos básicos: fé, coragem e boa cabeça. Mostrou-lhe também a grande utilidade das maçãs, que muito ajudaria todos os pioneiros no Oeste, recomendando-lhe levar consigo a Bíblia, afirmando: “Este livro vai lhe ajudar.” E atendendo às orientações do Anjo, Johnny seguiu em direção ao Oeste americano, onde plantou não só maçãs, por mais de 40 anos, mas também muita fé e esperança nos corações! Ao final desse meritório trabalho, já velhinho, de barba branca, dormindo sob uma árvore, ele deixou o Plano Físico. Sem entender seu novo estado, de desencarnado, Johnny caminhou um pouco e avistou-se com seu Anjo da Guarda, com quem estabeleceu este interessante diálogo: “- Quem está dormindo debaixo daquela árvore? – perguntou Johnny, ao olhar para trás. - É a sua casca, Johnny. Sua casca mortal. - Minha casca? Quer dizer que eu faleci? Que porcaria! Eu ainda não posso ir! - Aqui, em baixo, na Terra, seu trabalho terminou. Lá em cima precisamos muito de você. Estamos em falta de macieiras, colega. - Então, vamos logo.” Portanto, segundo a estória, quando avistarmos nuvens brancas em forma de pequenos flocos de neve, estaremos vendo as florações das macieiras plantadas por Johnny no Plano Espiritual... À luz do Espiritismo, na realidade, o inspirado autor desta encantadora estória não fantasiou com suas macieiras celestes. Pois, os Espíritos nos informaram que no Mundo Maior existem “pomares fartos e maravilhosos que se perdem de vista”, permitindo um grande consumo de “frutas perfumadas”, especialmente de “sucos e concentrados”. [André Luiz (Espírito), Francisco C. Xavier, Nosso Lar, 38ª ed., cap. 7/p. 45, e 18/100; e Os Mensageiros, 23 ed., 16/88 e 17/92, FEB.] Hércio M C Arantes
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TEMPO DE MELODIA

  • FALANDO COM OS MORTOS (TALKING TO HEAVEN) EUA, 2001. Direção de Stephen Gyllenhaal. Com Ted Danson, Mary Steenburgen, Jack Palance. Roteiro de John Pielmeier. Co-produção de James Van Praagh. Hallmark E. Production, colorido, 14 anos, 2h22, Alpha Filmes. Filme baseado na história do médium norte-americano James Van Praagh (Ted Danson, de O Resgate do Solado Ryan), que desde a infância apresentou visões dos Espíritos, chegando, às vezes, a dialogar com eles. James aprendeu muito cedo que, para não gerar confusão e até reações hostis, não podia revelar às pessoas tudo o que via e ouvia do Outro Lado da vida... Ele encontrou em sua mãe muita compreensão e paciência, mas, ao contrário, seu pai (o veterano ator Jack Palance, de Batman) nunca conseguiu aceitar a sua mediunidade e sempre o pressionou para não exercê-la. A maior parte do filme focaliza a elucidação, pela mediunidade, de dois casos policiais. Um deles, bem mais longo, com final surpreendente, permitiu classificá-lo na categoria de suspense. Este caso apresenta a história de um grupo de adolescentes assassinados, que volta do Além, periodicamente, pressionando o médium James para agir pela elucidação dos crimes que os vitimaram, ocorridos num parque afastado da cidade. Embora afirme-se que Falando com os Mortos é baseado no livro Talking to Heaven (1997) – o mesmo título original do filme -, lançado no Brasil com o nome de Conversando com os Espíritos (Ed. Salamandra, Rio, RJ, 1998), a grande maioria dos seus fatos e personagens não é encontrada nesta obra. Aliás, o próprio vídeo anuncia nos seus textos finais, após a apresentação do filme, que “Certos personagens e acontecimentos são fictícios.” Assim, com esta observação pudemos entender porque o enredo do principal caso do filme, que não faz parte do livro, não se harmoniza com as informações espirituais sérias que conhecemos. Pois, os adolescentes assassinados no parque não ficariam perambulando na Crosta à procura do médium James para que o caso fosse esclarecido pela justiça, porque seriam socorridos devidamente, permanecendo em instituição apropriada. Lendo Conversando com os Espíritos observa-se que o médium é bem orientado, expondo a maioria dos seus conceitos em sintonia com os fundamentos espíritas. Por exemplo, ele é reencarnacionista; elucida a lei de causa e efeito (ou do carma); destaca a assistência dos Espíritos aos desencarnados, obedecendo a leis espirituais superiores, “amando-nos o suficientemente para proteger nosso crescimento”; fala em hospital, do Além, para receber recém-desencarnados; afirma a existência do corpo espiritual (ou astral) com seus chakras; cita as Esferas Espirituais, com os seus seres mais desenvolvidos habitando os planos mais elevados; embora afirme que “a mão iluminada de Deus foi minha primeira experiência com a clarividência” (p. 15), considera que Ele “está presente em toda parte e em tudo”, “nos ama incondicionalmente, é justiça, compreensão” (p. 30); e aponta “o único caminho” para todos nós: “nos tornaremos iluminados só quando conseguirmos aprender o amor incondicional por nós mesmos e pelos outros”; (p. 120) Mas, infelizmente, estes conceitos não são divulgados pelo roteiro cinematográfico, pois limitou-se apenas aos fenômenos mediúnicos. Hércio M C Arantes
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FALANDO COM OS MORTOS

  • O OITAVO DIA (LHE HUITIÈMEREJOUR / THE EIGHTH DAY) França, 1996. Filme de Philippe Godeau. Direção e roteiro: Jaco Van Dormanel. Com Pascal Duquenne, Daniel Auteuil. Polygram, colorido, livre, 1h58, Europa Carat Home Vídeo. Filme cativante, enfocando dois dramas pessoais, que, providencialmente, se cruzam nos caminhos da vida. Harry (Daniel Auteuil, Melhor Ator Cannes 96) é um executivo dinâmico, que vive intensivamente sua profissão, quase sem tempo para dedicar-se à família. Esse conflito familiar chega ao ápice quando esquece de buscar suas filhas menores numa estação de trem. E, duramente rejeitado pela esposa e filhas, em face do episódio, começa a dirigir pelas estradas com profunda angústia e quase atropela o jovem Georges (Pascal Duquenne), portador da síndrome de Down. Este, sendo órfão e também rejeitado pela única irmã, havia fugido do Instituto, onde residia, e buscava na estrada um novo destino... A partir de então, surge uma amizade que Irã marcar a vida de ambos. O ator Duquenne, igualmente agraciado com o prêmio de Melhor Ator Cannes 96, tem um excelente desempenho, mostrando os traços fisionômicos e a típica personalidade alegre e vivaz dos mongolóides. Em vários momentos difíceis da existência de Georges, o Espírito de sua mãe, desencarnada há quatro anos, aparece plenamente materializado e dialoga com ele, transmitindo-lhes boas orientações e muito carinho. Também, por duas vezes, ela traz consigo um artista, para cantar, alegrando seu filho. Certa vez, revoltado com a sua situação de interno de um Instituto, assim conversa com a genitora: - Mãe, quero ir embora. Quero ir para casa. - Sabe que é impossível, Georges. Sinto orgulho de você – abraçando-o e, em seguida, acariciando-o. Em outro momento, caminhando à beira-mar, quando atinge um local de grande risco, vê sua genitora ao seu lado, que lhe pede: - Cuidado! – e logo desaparece. Num outro encontro, em sonho realmente vivido no Plano Espiritual, Georges informa à sua mãe que irá residir na casa do amigo Harry. E ela, provando que acompanha atentamente, do Além, os passos do filho querido, esclarece-lhe: - Fico feliz (ao saber da amizade dele com Harry). Mas Harry ainda não está preparado. Tem outra vida. Você precisa enfrentar a realidade. Você é meu anjo. E, em determinado momento, George estava desesperado, descontente com sua situação e desabafa com a sua mãe: - Quero ir embora com você. Aqui não dá certo para mim – e ouve a resposta: - Estou longe, meu filho. No Céu. Você foi a melhor coisa de minha vida. O maior dos presentes. Assim, a atuação carinhosa e benéfica da mãe do jovem, vencendo as barreiras entre os Planos físicos e espiritual, constitui uma matéria relevante do filme. E, com certeza, a figura do afetuoso, solidário e risonho Georges – “criado por Deus no oitavo dia”, segundo a seqüência de Criação elaborada por ele mesmo... – ficará na nossa memória para sempre. Hércio M C Arantes
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O OITAVO DIA

  • JOANA D´ARC (JOAN OF ARC) Canadá/EUA, 1998 (ou 1999). Direção de Christian Duguay. Com Leellee Sobieski, Jacqueline Bisset, Neil Patrick Harris, Peter O´Toole, Olympia Dukakis, Shirley MacLaine. CBS/ Atlantis / Endemol Entertainment, colorido, 2h20, Top Tape (Vídeo). Uma produção para a TV, de alto nível e com elenco de estrelas, este drama épico focaliza a extraordinária vida de Joana D’Arc (1412-1431), jovem de 19 anos, simples, pobre e analfabeta, que dirigiu vitoriosamente o exército da França, libertando-a da invasão inglesa, encerrando uma guerra de cem anos. Indicado para onze prêmios Emmy, o Oscar da televisão, recebeu o de melhor ator coadjuvante, entregue a Peter O´Toole, que fez o papel do Bispo Cauchon. O enredo, emoldurado por lindos cenários, em ritmo atraente e emocionante, segue, em linhas gerais, os fatos históricos conhecidos e bem documentados. A vida de Joana D’Arc, especialmente devido à mediunidade, apresenta lances excepcionais, aparentemente fantásticos e mesmos irreais. Daí ser interpretada por alguns, erroneamente, como uma figura lendária. Aqui, lamentavelmente, este fato ocorre: tanto num texto do preâmbulo do filme, como no comentário de capa do vídeo, sua vida é considerada uma lenda. O papel-título foi entregue à Leellee Sobieski (De Olhos Bem Fechados, Impacto Profundo), já vivido por várias atrizes, inclusive Ingrid Bergman, em 1948. (Ver Anuário Espírita 1993, p. 210.) Destaca-se na vida desta missionária a sua mediunidade extraordinária, obedecendo sempre as orientações de seus guias espirituais: S. Miguel, Stas Catarina e Margarida, que se comunicavam através de vozes, e, às, vezes acompanhadas de aparições nítidas. É evidente que Joana D’Arc foi a reencarnação de uma Entidade evoluída, que, embora com grandes conquistas espirituais, necessitava de assistência ostensiva do Mundo Maior para cumprir tão espinhosa e importantíssima missão. (A Caminho da Luz, Emmanuel, F. C. Xavier, FEB, cap. XIX; Joana D’Arc, Médium, Leon Denis, FEB; Crônicas de Além-Túmulo, Humberto de Campos (Espírito), F.C. Xavier, FEB, cap. 5, “Judas Iscariotes”; Chico, de Francisco, Adelino Silveira, Ed. CEU, Cap. “Joana D’Arc”.) Sua vinda à Terra, pelo valor da tarefa a desempenhar, foi avisada com antecedência pela Espiritualidade, por vários médiuns, dentre eles: a visionária Maria d’ Avignon, que se apresenta ao rei dizendo que vira, em seus êxtases, uma armadura que o céu reservava para uma jovem destinada a salvar o reino; o conhecido profeta Merlin que anunciou, muito tempo antes, que uma virgem unificaria e libertaria a França. Hoje, Joana D’Arc é reverenciada em todo o mundo. Na França, é a Santa Padroeira do país. Ainda dentro do século XV, que a viu queimar na fogueira, a própria Igreja Romana abriu um processo de reabilitação e, em 1920, a canonizou. A injustiça para com a heroína Donzela de Domrémy foi tão evidente que a Inquisição somente atuou na França até 1461, isto é, 30 anos após o lamentável episódio. (No México e Espanha vigorou até 1820.) Vários estudiosos dos fenômenos paranormais a consideram como a mais famosa clariaudiente da História. E dentre as lições luminosas que se destacam em sua vida gloriosa, Léon Denis registra nas Conclusões finais de seu livro já citado: “Nas horas de crise e de provação, a Humanidade não fica abandonada a si mesma. Do Alto, socorros, forças, inspirações descem para a sustentar e guiar em sua marcha. Quando a mal triunfa, quando a adversidade se encarniça contra um povo, Deus intervém por meio de seus mensageiros. A vida de Joana é uma das manifestações mais brilhantes da Providência na História.” Hércio M C Arantes
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JOANA D´ARC

  • O SEXTO SENTIDO (THE SIXTH SENSE) EUA, 1999. Dirigido e escrito por M. Night Shyamalan. Com Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette, Olivia Williams, Donnie Wahlberg. Buena Vista/Spyglass, colorido, 1h52, impr. 12 anos, Hollywood P. Home Video. O Sexto Sentido, drama de suspense, se consagrou como um dos maiores sucessos de renda e público do cinema. Em 1999, nos Estados Unidos, foi a segunda maior bilheteria (atrás de A Guerra nas Estrelas – A Ameaça Fantasma) e, no Brasil, foi a maior. Aqui também alcançou a segunda maior bilheteria de todos os tempos, atrás somente do fenômeno Titanic. (Jornal do Vídeo, 04/2000.) Vale registrar ainda que, na sua categoria de filme de terror/suspense, é a maior bilheteria em todos os tempos. Não foi premiado pela Academia de Hollywood, mas recebeu seis indicações ao Oscar 2000: melhor filme, diretor, roteiro, montagem, ator e atriz coadjuvantes. E a conceituada People Choice Awards, que concede prêmios a filmes e artistas escolhidos unicamente pelo público norte-americano, o consagrou com as estatuetas de melhor filme e melhor filme dramático. Embora classificado por alguns, erroneamente, como filme de terror, O Sexto Sentido valoriza muito aspecto humano do enredo, apresentando personagens bem construídos, e não abusa das tradicionais cenas apavorantes, com aberrantes, com aberrantes efeitos especiais, da maioria dos demais desta categoria. Os fenômenos mediúnicos apresentados aproximam-se da realidade que nós, espíritas, conhecemos. Portanto, o seu título The Sixth Sense foi muito bem escolhido, relembrando o célebre cientista francês Charles Richet (1850-1935), estudioso dos fenômenos paranormais e criador da expressão sexto sentido para definir a sensibilidade que permite ao homem entrar em contato com as realidades além da matéria. No início do filme, o Dr. Malcolm Crowe (o famoso ator Bruce Willis, de Duro de Matar, Armageddon) está em seu apartamento comemorando, em companhia da esposa Anna (Olívia Williams), o prêmio de Menção Honrosa, por sua excelência profissional, da Prefeitura de Filadélfia. De repente, são surpreendidos com a presença de um estranho no banheiro, o ex-paciente Vincent (D. Wahlberg), mostrando-se perturbado. Este, em crise nervosa, acusa o psiquiatra infantil de ter errado o seu diagnóstico e não o ter curado, atira no Dr. Crowe e, em seguida, nele próprio. No outono seguinte, o psiquiatra é um homem diferente... o seu casamento e sua brilhante carreira estão profundamente abalados... mas dedica-se a um novo paciente, o garoto Cole Sear (H.J. Osment, com notável atuação, indicado para o Oscar de coadjuvante), com um quadro semelhante ao do jovem suicida, agora com atenção médica especial, talvez para compensar o fracasso com Vincent. Cole, de apenas 9 anos (11 na vida real), é considerado por todos como esquisitão, com dificuldade de se relacionar socialmente, enfim como um garoto anormal. Mas, buscando freqüentemente refúgio na igreja, na verdade é portador de vários dons mediúnicos: de efeitos físicos (arranhaduras no corpo, aberturas de portas e gavetas, transporte de objetos); psicografia (escritas desconexa); psicofonia (na sala de aula falou desrespeitosamente com o professor, mostrando que conhecia o seu passado de estudante: “Você é Stanley gaguinho”); clariaudiência e, principalmente, clarividência. O tratamento médico não evolui satisfatoriamente. Cole, sentindo-se profundamente incompreendido, guarda o seu segredo a sete chaves para não ser considerado anormal. Até que um dia, ele se abre com o Dr. Crowe. - Quero lhe contar o meu segredo agora. Eu vejo gente morta. - Nos sonhos? – Interroga o médico. - Não. Quando estou acordado. - Gente morta em covas, em caixão? - Não. Andando por aí como gente comum. Estão por toda a parte. Elas não vêem umas às outras. Elas só vêem o que querem ver. Não sabem que estão mortas. O psiquiatra fica surpreendido e impressionado com a confissão do garoto. E o drama evolui até que o Dr. Crowe apresenta ao paciente uma interpretação luminosa, após melhor observação dos fatos narrados: os Espíritos o procuram porque querem ajuda. E orienta Cole para que dialogue com eles e procure ajudá-los. Seguindo essa orientação, o menino vence o medo, encontra o caminho do equilíbrio e ajuda a resolver problemas pessoais do próprio médico... e dá provas à sua mãe Lynn (Toni Collette, indicada para o Oscar de coadjuvante) que a Imortalidade e o intercâmbio entre vivos e “mortos” é uma sublime e reconfortante realidade... O final-surpresa, de impacto, que muda toda a perspectiva do enredo, leva o espectador a vê-lo de novo para conferir se houve falhas no roteiro... Mas, há um outro motivo para revê-lo: analisar melhor os detalhes dos numerosos fatos mediúnicos apresentados. Em qual fonte o cineasta indiano naturalizado americano Shyamalan (pron. “Xiamálan”) buscou idéias para escrever tal roteiro que aborda a mediunidade com tanta coerência e bom senso, constituindo-se num dos filmes mais sintonizados com a Doutrina Espírita? Em entrevistas, ele confessa ser espiritualista, mas não devoto de religião organizada. Lembra que “a fascinação das pessoas pelo sobrenatural, fantasmas e vida após a morte não é recente. Ela sempre existiu. Em Hamlet, por exemplo, um fantasma conversa com ele e esses temas são abordados. ” (Folha de S. Paulo, 22/10/99.) Nossos parabéns ao Shyamalan pelo belo trabalho, esperando novas realizações espiritualistas de sua genialidade. Hércio M C Arantes
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O SEXTO SENTIDO